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Arboviroses de importância para a saúde pública

As arboviroses são doenças causadas pelos arbovírus. Os arbovírus são vírus transmitidos ao ser humano ou a animais através de um artrópode. Os artrópodes são animais invertebrados que tem pés (podes) articulados (arthros) como, por exemplo, os mosquitos, as aranhas e camarões, entre outros.

Existem mais de 500 espécies de arbovírus e cerca de 150 deles causam doenças nos seres humanos. Dengue, zika e chikungunya são exemplos de arboviroses. Essas três doenças apresentam sintomas semelhantes, como febre, dor de cabeça e exantema (manchas vermelhas na pele), e algumas características que as diferem. A confirmação do diagnóstico pode ser feita por meio de exames laboratoriais. Não há tratamento específico e nem vacina efetiva para nenhuma das três doenças até o momento.

A dengue está incluída entre os principais problemas de saúde pública do mundo.

No Brasil, desde a entrada do arbovírus causador da doença há quase 40 anos, a população vem convivendo continuamente com casos de dengue, muitas vezes se configurando como epidemia.

A zika é uma arbovirose de introdução mais recente no Brasil, tendo sido identificada no país no final de 2015.

Uma grande preocupação com o vírus zika é que ele pode causar a microcefalia e outras anormalidades do sistema nervoso central (SNC) de bebês de gestantes infectadas pelo vírus. As outras anormalidades conhecidas até o momento são: problemas oculares, auditivos, malformações nos ossos e músculos, levando à adoção do termo “síndrome congênita da zika”, devido às diferentes consequências que o vírus pode causar no feto durante a gestação.

A chikungunya também é uma arbovirose identificada há pouco tempo no Brasil. Os primeiros casos foram notificados em 2014. É uma doença marcada por febre alta, dor de cabeça, dor nos músculos e vermelhidão nos olhos e dores intensas nas articulações dos pés, mãos, tornozelos, pulsos e dedos. A principal preocupação é à dor intensa e persistente que a doença causa, o que dificulta ou até mesmo impede a realização de atividades comuns em casa ou no trabalho, comprometendo a qualidade de vida das pessoas. A chikungunya pode desenvolver a Síndrome de Guilliain-Barré que tem como principais sintomas fraqueza muscular que começa pelas pernas, podendo, em seguida, progredir ou afetar o tronco, braços e face, com redução ou ausência de reflexos. A síndrome pode provocar leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos quatro membros.

A transmissão das três doenças é feita pelo mosquito Aedes aegypti. Somente a fêmea do Aedes aegypti pica o ser humano. Isso porque ela precisa se alimentar do sangue para ajudar no amadurecimento de seus ovos. O macho se alimenta apenas da seiva de plantas.

O ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti compreende quatro fases: ovo, larva, pupa e mosquito adulto. Os ovos do Aedes são depositados de preferência em recipientes com água limpa e parada. Mas, ainda que não tenha água, para o mosquito isso não é problema. Os ovos sobrevivem por até um ano sem água. Assim, na primeira chuva ou outra situação que encha de água o recipiente onde os ovos foram depositados, as larvas do Aedes já podem começar a se desenvolver. Isso explica a preocupação com recipientes como garrafas vazias, latas, pneus, caixas d’água, vasos de planta.

O Aedes aegypti não é um mosquito nativo do Brasil. Originário da África, já foi considerado eliminado em nosso país por duas vezes, entre 1958 e 1973.

Importante chamar a atenção que no caso da zika a transmissão do vírus pode acontecer pela picada do mosquito Aedes aegypti, mas também pode haver transmissão sexual e transmissão da mãe para o feto durante a gravidez. Não há evidências de transmissão do vírus zika por meio do leite materno, assim como por urina e saliva.

Prevenção e controle

O controle doAedes aegypti não é tarefa simples. O Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), implantado em 2002 e vigente até o momento, possui vários eixos. Um dos eixos chama a atenção para a mobilização social e a participação comunitária como essenciais para o controle vetorial, que podem ser alcançadas por meio de campanhas de informação, ações educativas e estratégias de comunicação, destinadas à eliminação dos criadouros do vetor, em especial, no ambiente domiciliar.

Porém, o fato é que, apesar dos esforços do Programa, temos observado expansão do número de casos de dengue no país, e a ocorrência de várias epidemias e, atualmente, com o agravamento ainda maior, com a disseminação dos vírus zika e chikungunya.

Vários fatores favorecem e contribuem para esse quadro, entre eles o modelo econômico baseado no consumo excessivo, sem a coleta e destinação adequada dos resíduos sólidos, o crescimento desordenado das grandes cidades, com problemas no abastecimento de água e condições precárias de moradia, a expansão da indústria de materiais não biodegradáveis, as condições climáticas favoráveis para a proliferação do Aedes aegypti e a movimentação da população de diferentes lugares, contribuindo para a circulação do vírus em novos locais (cidades, países e até continentes).

Estudos mostram que há lacunas a serem preenchidas no que diz respeito ao envolvimento da população como partícipe ativo do processo de prevenção e controle do Aedes, em vez de ser mera espectadora das definições da política oficial. Além disso, os estudos ressaltam que é preciso que as medidas de prevenção na comunidade levem em consideração as particularidades dos territórios e de cada contexto, que há a necessidade de estabelecer práticas de educação continuada; destacam a importância de se desenvolver o senso de responsabilidade, e não de culpa dos moradores, e de promover o diálogo entre ciência e senso comum para a implementação de estratégias adequadas que levem em conta interesses, necessidades, desejos e visões de mundo de cada comunidade.

Fontes

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Febre de chikungunya: manejo clínico. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Link de acesso. Acesso em: 11 jun. 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vírus zika no Brasil: a resposta do SUS. Brasília, 2017.
Link de acesso. Acesso em: 31 ago. 2017.

NETO, ASL et al. Dengue, zika e chikungunya – desafios do controle vetorial frente à ocorrência das três arboviroses – parte II. Rev Bras Promoç Saúde, v. 29, n. 4, p. 305-308, 2016. Link de acesso. Acesso em: 29 mar. 2019.

TAUIL, PL. Aspectos críticos do controle do dengue no Brasil, Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p.867-871, 2002. Link de acesso. Acesso em: 19 out. 2017.




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